INTRODUÇÃO
Nesta lição, destacaremos que o ato da justificação
concedida por Deus ao homem por meio de Cristo Jesus, trás
consigo muitos benefícios, tais como: paz com Deus, acesso a
graça, esperança, reconciliação e glorificação. Veremos ainda
que por causa de um homem, Adão, todos se fizeram pecadores;
todavia, por causa também de um homem, Cristo Jesus,
todos poderão ser salvos. Por fim, pontuaremos que a
motivação que impulsionou Deus a declarar justo o pecador foi o seu
grande e incomparável amor revelado na Pessoa de Seu Bendito
Filho.
I – O QUE SIGNIFICA A PALAVRA BENEFÍCIO
Segundo o Aurélio (2004, p. 285) a palavra “benefício”
significa: “serviço ou bem que se faz gratuitamente;
favor; mercê, graça”. A Bíblia nos mostra que Deus graciosamente
dispensa benefícios aos seres humanos, no sentido de
prover os meios de subsistência a todos, sem distinção (Mt
5.45; At 17.25). Todavia, dispensa também de forma especial,
favores espirituais e eternos, exigindo-lhes fé em seu
Bendito Filho Jesus Cristo (Jo 3.16 Rm 5.20).
II – QUAIS OS BENEFÍCIOS DA JUSTIFICAÇÃO
Depois de falar sobre a necessidade da justificação (Rm
1.18; 3.20) e do meio pelo qual fomos justificados
(Rm 3.21; 4.25), o apóstolo Paulo descreve os frutos da
justificação (Rm 5.1-12), como veremos a seguir:
2.1 Paz com Deus (Rm 5.1). O termo grego para paz é “eirene”
que nos dá a ideia de “harmonia”, “acordo”, “descanso”
e “quietude”. A paz com Deus só é possível mediante a
justificação pela fé. Pois o pecador, em seu estado de pecado,
encontra-se em inimizade com Deus, visto que o pecado é uma
violação da vontade de Deus (Os 4.1; Tg 4.4). “Ter paz com
Deus significa que não há mais hostilidade entre nós e Deus
e que o pecado não bloqueia o nosso relacionamento com Ele.
Mais do que isso, um novo relacionamento foi estabelecido e
assim não mais tememos o resultado do julgamento, mas
vivemos sob a proteção estabelecida por Deus” (APLICAÇÃO
PESSOAL, 2010, vol. 02, p. 40).
2.2 Acesso a graça (Rm 5.2). Além da paz, Paulo nos diz que
em Cristo pela fé temos “acesso a graça”. “No grego a
expressão usada por Paulo é “ten prosagogen” que significa
“nossa entrada”. A ideia é a entrada na câmera de audiências
de um monarca. É bom destacar que não vamos até ali por
nossos próprios esforços, mas precisamos de um ‘introdutor’ -
que é Cristo” (BEACON, 2006, p. 80 – acréscimo nosso).
Diversos textos da Bíblia, nos mostram que a nossa entrada a
presença de Deus encontrava-se bloqueada por causa do pecado
(Gn 3.22-24; Is 59.2; Rm 3.23). Todavia, justificados por
Jesus Cristo, as barreiras foram tiradas, para que
tivéssemos acesso a graça de Deus (Ef 2.13; I Pe 2.10). Portanto, “Jesus
nos abre as portas à presença do Rei dos reis; e quando
essas portas se abrem o que achamos é graça; não condenação, nem
juízo, nem vingança, mas a pura, imerecida, incrível bondade
de Deus” (BARCLAY, sd, p. 81 – acréscimo nosso).
2.3 Esperança da glória (Rm 5.2-b). No estado de pecado o
homem vive sem paz, sem esperança e sem Deus no mundo
(Ef 2.12). A Bíblia diz que “a humanidade foi criada para a
glória de Deus, mas por causa do pecado, “todos foram
destituídos da glória de Deus” (Rm 3.23). É o propósito de
Deus recriar a sua imagem e a sua glória de forma completa em
nós, de modo que possamos estar firmes; e nos gloriarmos na
esperança da glória de Deus” (APLICAÇÃO PESSOAL,
2010, vol. 02, p. 40).
2.4 Salvo da ira (Rm 5.9). A expressão “ira” segundo Vine
(2002, p. 723) que dizer: “raiva ardente”, “indignação” e
“furor”. Na condição de pecador o homem está sobre a ira de
Deus, já no presente (Jo 3.36; Rm 1.18), e irá experimentar
desta ira plenamente no futuro, quando todos os pecadores
serão julgados e sentenciados a condenação eterna (Rm 2.5,16;
Ap 20.11-15). Mas, quando justificado, este pecador remido é
salvo desta ira presente e futura, pois para ele já não há mais
condenação, visto que este creu que Cristo assumiu a sua
culpa quando morreu na cruz (Jo 5.24; I Ts 1.10; Ap 3.10).
2.5 Reconciliação (Rm 5.10,11). No grego a expressão
reconciliar “katallage” significa: “restauração à benevolência
divina, conciliação” (PALAVRA- CHAVE, 2009, p. 2257).
Segundo Champlin (2004, p. 574), a reconciliação “consiste da
mudança da relação de hostilidade que existiu entre dois
indivíduos, passando eles a serem amigos entre si. Essa relação de
hostilidade é alterada para a relação de paz”. Por causa do
pecado, o homem quebrou a sua comunhão com Deus (Gn 3.23-
24; Rm 3.23). Porém, apesar de o primeiro Adão ter criado o
abismo, o segundo Adão, Cristo, construiu a ponte, nos
reconciliando com Deus (II Co 5.18,19; Cl 1.20,21).
2.6 Glorificação (Rm 5.10-a). Paulo ainda diz que uma das
bençãos subsequentes a justificação é a glorificação. No plano
da salvação, a glorificação é a etapa final a ser atingida
por aquele que recebe a Cristo como Salvador e Senhor de sua alma.
A glória de Cristo será partilhada plenamente com seus
santos no arrebatamento da igreja (I Co 15.53,54; Cl 3.4; I Jo 3.2).
III – AS DIFERENÇAS ENTRE ADÃO E CRISTO
“O contraste entre Adão e Jesus Cristo é que um único ato de
Adão determinou a natureza do mundo; um único ato
de Cristo determinou a natureza da eternidade. Em
terminologia moderna, podemos dizer que Adão foi um protótipo
imperfeito, mas Cristo é o original perfeito. Assim como
Adão era um representante da humanidade original. Cristo é o
representante da nova humanidade espiritual” (APLICAÇÃO
PESSOAL, 2010, p. 42). Na tabela abaixo veremos qual o
estado ou condição do homem que está em Adão e do que está
em Cristo:
ADÃO CRISTO
Seu nome significa: homem ou humanidade Seu nome significa:
Deus salva
Pecou contra Deus (Gn 3.6; Os 6.7; Rm 5.12-a) Obedeceu a
Deus (Mt 5.17; Fp 2.8; Hb 5.8)
Nos fez pecadores (Rm 5.19-a) Nos faz justos (Rm 5.19-b)
Prejudicou toda a humanidade (Rm 5.12) Beneficiou toda a
humanidade (Rm 5.12-b; 17-b)
Fomos afastados de Deus (Gn 3.24; Rm 3.23) Fomos
reconciliados com Deus (Rm 5.10-11; II Co 5.18)
Nele morremos (Rm 5.12,15-a; 17-a; 6.23-a) Nele vivemos (Rm
5.17-b; 6.23-b)
Trouxe a condenação (Rm 5.16-a; 18-a) Trouxe a salvação (Rm
5.16-b; 18-b)
IV – A GRANDEZA DO AMOR DE DEUS
Após falar da justificação como um ato divino de declarar
inocente o culpado, o apóstolo Paulo nos fala sobre o
incomparável amor divino, pois este foi a motivação que
impulsionou Deus a graciosamente nos conceder graciosamente a
salvação. “O amor pode ser definido como o “sentimento que
constrange a buscar, desinteressadamente e sacrificialmente,
o bem de outrem. O amor é o mais alto e sublime atributo
comunicável de Deus. João diz que Deus é amor (I Jo 4.8).
Somente o amor seria capaz de predispor a Deus a buscar o
bem de uma humanidade corrompida, e que só se ocupava em
quebrantar-lhe as leis” (ANDRADE, 2006, p. 42 – acréscimo
nosso). Vejamos o que nos diz Paulo sobre isso:
4.1 O amor de Deus foi aplicado (Rm 5.5). O apóstolo Paulo
nos ensina que a razão da confiança por parte dos que tem fé
é que o amor de Deus esta derramado em nosso coração. Quando
a pessoa confia em Cristo e o recebe, ela recebe o Espirito
Santo (Rm 8.9), que constantemente a encoraja a manter sua
esperança em Deus. “A presença do Espirito Santo em nossa
vida nos torna cientes do amor de Deus, e esse amor nos dá
esperança inabalável no porvir. Logo, o cristão nunca deve
desistir diante do sofrimento, pois Deus certamente cumprira
suas promessas” (TOKUMBOH, 2010, p. 1394)
4.2 O amor de Deus foi imerecido (Rm 5.6,7). Paulo nos diz
que Deus nos amou quando éramos “fracos” (Rm 5.6-a);
“ímpios” (Rm 5.6-b); “pecadores” (Rm 5.8-b); e, “inimigos de
Deus” (Rm 5.10), ou seja, não merecíamos tão grande e
excelente amor. Paulo diz que é possível que alguém se
encoraje a morrer por um justo, ou seja, por um homem íntegro e
honesto, um cidadão respeitável e bom, uma pessoa útil ou
benevolente. Porém, Cristo morreu por nós, sendo nos ainda
pecadores. “Essa é uma demonstração clara do amor de Deus.
Ele nos recebe do jeito que estamos e, a partir daí, começa a
fazer algo novo e belo” (RADMACHER, 2010, p. 373).
4.3 O amor de Deus foi provado (Rm 5.7,8). Sem sombra de
dúvida, a maior revelação do amor Deus para com a
humanidade está na Pessoa de Cristo Jesus. Em João 3.16, o
Senhor Jesus afirmou isso: “Porque Deus amou o mundo de
tal maneira que deu o seu Filho unigênito[...]”. Confira
também: (Is 9.6; Mt 20.28; Jo 15.13; Rm 8.32). Jesus veio ao
mundo para mostrar qual é e sempre foi a atitude de Deus
para com os homens. Ele veio para provar aos homens
incontestavelmente que Deus é amor. “A morte de Cristo é a
mais alta manifestação do amor de Deus por nós. Embora
fôssemos rebeldes e desprezíveis. Cristo morreu por nós para
que assim pudéssemos chegar a Deus, ter paz com Ele e nos
tornarmos herdeiros de suas promessas. Cristo não morreu
para que nos tornássemos pessoas amadas; Cristo morreu porque
Deus já nos amava e queria nos levar para junto de si”
(APLICAÇÃO PESSOAL, 2010, p. 41).
CONCLUSÃO
Por causa do seu grande amor pela humanidade, Deus enviou
Jesus Cristo ao mundo para que, por meio dele, o
pecador pudesse ser justificado. Essa justificação trás
consigo grandes benefícios espirituais, e sem dúvida, o maior deles é
a possibilidade que o homem tem de reatar a sua comunhão com
Deus outrora perdida no Éden.
REFERÊNCIAS
• ADEYEMO, Tokumboh. Comentário Bíblico Africano. CPAD.
• APLICAÇÃO PESSOAL, Comentário do Novo Testamento. Vol. 02.
CPAD.
• BARCLAY, William. Comentário do Novo Testamento. PDF.
• CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e
Filosofia. HAGNOS.
• CLAUDIONOR, Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
• HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. Vol 08.
CPAD.
• LOPES, Hernandes dias. Comentário Exegético de Romanos.
HAGNOS.
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